O ritmo para o ambiente propício à criança

por Luiza Helena Tannuri Lameirão1

Muitas vezes, quando estamos sozinhos em casa, ouvimos o bater do portão, ou o barulho de chaves; esses sons podem ser produzidos por qualquer um de nossos familiares. Entretanto, aos primeiros passos da pessoa que chega, começamos a perceber quem é que se aproxima. Após mais alguns passos, o conjunto de passadas revela um ritmo próprio, e então podemos ter certeza de quem está chegando. Ao observador atento, as impressões das qualidades rítmicas das passadas registram andares: leve ou pesado, arrojado ou vacilante, aberto ou fechado, tranquilo ou inquieto, ancorado em passos curtos ou longos, na ponta dos pés ou no calcanhar. Todo ser humano tem seu ritmo próprio, individual, que pode se expressar em seu andar, em seu falar, em seus gestos.

Esse aprendizado para a observação, quando direcionado às crianças, traz descobertas inesperadas. Rudolf Steiner diz que "o que de mais grandioso se pode vivenciar é observar uma criança aprender a andar"2. Uma atividade propícia a ser realizada com os educadores é a vivência em duplas, na qual um educador observa o andar do outro e, depois, o imita, para que ambos percebam o seu próprio andar.

Na natureza encontramos os reinos mineral, vegetal e animal, cada qual com características próprias. O mineral não possui a capacidade de crescimento por si próprio; a pedra cresce apenas por deposição. Já no reino vegetal, encontramos essa característica de crescimento; uma pequena semente pode transformar-se em uma enorme árvore.

O ritmo está presente em muitos fenômenos na natureza. Por exemplo, nas marés, nas ondas do mar – com tantas menores até uma onda bem maior –, e nas marcas que as ondas deixam na areia podemos constatar esse elemento rítmico. O ritmo é a característica central dos organismos vivos. No crescimento, a planta mostra polaridades e alternâncias. Ao brotar, a semente – exemplo máximo de contração – expande-se ao despontar para cima, com o broto; e para baixo, com a raiz. No crescimento da planta encontramos os polos vertical e horizontal: o caule cresce na vertical, e as folhas e galhos na horizontal. Nesse processo também se alternam momentos de contração e expansão.

Antes do surgimento das folhas, encontramos o que chamamos de "nó" ou "olho". Neste nó, um novo broto pode surgir e, portanto, acontece um novo momento de expansão da planta. Na parte de cima, a folha tem contato com a luz, enquanto na parte de baixo esse contato não existe; as folhas são brilhantes e lisas por cima e, por baixo, são foscas; às vezes, até peludas e rugosas. No botão da flor, encontramos também contração para, depois, ao desabrochar, a flor se abrir em expansão. Assim, há três momentos de contração no crescimento da planta: na semente, no nó e no botão das flores.

Em seu livro A educação da criança segundo a Ciência Espiritual, Steiner acrescenta que "a existência toda é como uma planta, não abrangendo apenas o que se apresenta à vista, mas contendo em seu âmago um estado futuro. Quem vê uma planta apresentando apenas folhas sabe perfeitamente que ela terá, dentro de algum tempo, flores e frutos; contudo, a planta já possui, de maneira invisível, a disposição para essas flores e frutos. Mas como poderia opinar sobre os aspectos desses órgãos alguém que se limitasse a estudar na planta apenas o que ela apresenta ao olhar do observador no momento presente? Só poderá fazê-lo quem conhece sua natureza íntima"3.

O ser humano cresce como a planta. Há momentos de crescimento, denominados estirões, e há momentos em que o corpo se alarga, encorpa, um processo denominado repleção. No reino animal, encontramos contração e expansão também na respiração. O ser humano respira e, ao respirar, ele coloca o ar para dentro e para fora, e há uma pausa entre esses dois movimentos.

Duas graças há no respirar: inspirar o ar e dele se livrar.
Inspirar constrange, expirar liberta. Tão lindo é feito da vida uma mescla.
Agradece a Deus quando ele te aperta, e agradece de novo quando te liberta.


Johann Wolfgang Goethe4

O tempo flui e tem variáveis no seu desenrolar. É importante considerar a pausa no fluir do tempo. O mundo nos solicita constantemente. Como fazemos para não nos tornarmos reféns das constantes solicitações? Há muitas possibilidades, citaremos três que nos parecem bastante propícias:

Realizar uma atividade elegida por nós e que nos agrade constitui uma possibilidade de interrupção do fluxo de exigências exteriores e nos refaz. Breves momentos de reflexão também constituem pausas, pois proporcionam o encontro com o nosso interior. E a sesta, pequeno sono no meio do dia, representa uma pausa natural, indicada como muito necessária para as crianças e também para os adultos.

Tudo tem o seu tempo para acontecer. Na natureza exterior, esse tempo já é característica de cada espécie. Por exemplo, a pausa no crescimento das plantas acontece antes do florescimento. Não será, então, que a pausa é sempre necessária para uma nova qualidade nascer? No ser humano, o organismo corporal tem as pausas dadas pela natureza, porém, nossa alma necessita de pausas inseridas conscientemente.

A conquista do andar pela criança, conforme menciona Karl König em seu livro Os três primeiros anos da criança, "necessita do mesmo tempo que a Terra utiliza para perfazer o seu caminho ao redor do Sol, de modo que esse ritmo solar-terrestre parece estar inscrito nessa capacidade humana"5. Essa relação diz respeito ao movimento de translação da Terra em torno do sol, que leva um ano, ou 365 dias, tempo aproximado que leva uma criança para conquistar a postura ereta e arriscar seus primeiros passos. Assim também as fases do dia – manhã, tarde e noite – estão relacionadas ao movimento de rotação da Terra, de aproximadamente 24 horas, e influenciam diretamente as disposições das crianças para as atividades. O ser humano é um microcosmo – podemos comparar-nos a estrelas atuantes na Terra – em consonância com o macrocosmo, os movimentos dos astros.

Assim como não há pressa ou atraso no movimento das estrelas, também se considerarmos as crianças como sementes, veremos que quando forçadas a amadurecer elas não dão bons frutos. Precocidade no processo educacional das crianças é o que mais vemos atualmente. Crianças com comportamento adultizado perderam a chance de amadurecer devagar, perderam a doçura da fruta amadurecida em seu tempo. Os cronobiologistas dizem que a criança amanhece os tempos. A semente da vida humana é a criança e vale refletir como estamos preparando esse lugar para que essa semente possa germinar.6

Amanhecer, o mais antigo sinal de vida sobre a Terra.

Amanhecer, ainda o mais novo sinal de vida sobre a Terra.

Amanhecer e vida humana se entrelaçam na mesma Luz.

Carlos Drumond de Andrade7



Ritmo é sempre a relação entre as partes. Existem muitas formas de alternância que podemos encontrar na natureza, nas quais polos contrários se alternam mantendo o ritmo. Apesar da regularidade que existe nesses processos, podemos observar que a repetição nunca se dá de forma idêntica e que, no ser humano, sofre interferências externas e internas. O aspecto externo do nascer do sol, por exemplo, pode apresentar alterações como maior ou menor nebulosidade ou umidade. Um amanhecer pode ser vivenciado das mais variadas formas, dependendo do estado anímico, psicológico, de quem o percebe. Há um abismo inevitável que se estende entre o indivíduo que contempla e o objeto de nossa contemplação, como no exemplo acima, do amanhecer. "Cada dia é um novo dia", porém, o fenômeno se repete e se repete...evidenciando uma organização além da que se pode conceber a partir da Terra. Como citado anteriormente, os corpos celestes se movem, se movem constantemente; cada qual tem sua própria trajetória que, por sua vez, tem sua própria duração. Quanto tempo leva entre o amanhecer e o anoitecer? Esse tempo nunca é idêntico, mas é constante. Erguer o olhar para o sol é também perceber o fluxo do tempo, seus ciclos e seu andamento.

Aurora: é o sol assurgente - e os passarinhos arrozeiros.

João Guimarães Rosa8


Quem vivencia o ritmo percebe que as coisas têm um tempo para acontecer e desenvolve confiança na vida. A criança precisa de ritmo para se firmar no mundo com saúde. Cada amanhecer é como se ela crescesse para a atividade, assim como o sol sobe do horizonte ao zênite até o meio dia. E assim como a partir do meio-dia o sol vai descendo do zênite ao horizonte, até o entardecer, a criança vai decrescendo para a atividade. O mais importante é como aproveitamos esse impulso que a criança traz no amanhecer de crescer para a atividade. Esse fato indica, por exemplo, porque é mais propício o período da manhã para as crianças pequenas se ativarem.9

Internamente, o ser humano é regido por ritmos, e o estudo desse fenômeno é denominado cronobiologia. Esta ciência afirma que a maioria dos ciclos, ou ritmos biológicos humanos se dá num período de 25,2 horas — daí a expressão ritmo circadiano, cerca de um dia. Os ciclos biológicos têm a luz como sincronizadora: a luminosidade impressiona as células da retina que, então, disparam uma mensagem elétrica ao hipotálamo, onde se localiza o "relógio biológico" do ser humano. Pulmão e coração têm seu ritmo próprio e se relacionam: enquanto acontece uma respiração, o coração pulsa quatro vezes.

Desde tempos remotos, a humanidade se vincula ao percurso do tempo. Na Antiga Grécia, pela primeira vez, Heródoto tratou a história como uma fonte de conhecimento. Para os gregos, o tempo presente é formado por duas correntes: kronos, com característica de ordenação, que vem do passado; e kairós, que vem do desconhecido, do futuro para o presente.

A humanidade tinha a vivência do tempo, mas até século XIII, não conhecia o relógio mecânico. Não existiriam dias e noites se não houvesse relação entre a Terra e o Cosmos. Esse fato sempre foi intuído ou reverenciado, e fica evidente nos nomes dos dias da semana relacionados aos astros. Para o domingo, por exemplo, os ingleses utilizam a palavra "Sunday" (sun=sol, day=dia, dia do Sol), assim como em alemão, "Sonntag" (sonne=sol, tag=dia). A segunda-feira é relacionada à lua: "Monday" (moon=lua, day=dia: dia da Lua) em inglês; "lunes" em espanhol, "lundi" em francês e "lunedi" em italiano. Terça-feira é o dia de Marte, reverenciado nas palavras "martes" (espanhol) e "mardi" (francês). Na língua inglesa, "Saturday" – sábado –, remete a Saturno. Se para a humanidade o relógio chegou apenas no século XIII, imagine a trajetória da criança até que ela possa se entender com esse objeto!

Além do dia e da semana, o mês e o ano têm igualmente seus ritmos próprios, orientados pelos movimentos cósmicos. Podemos estabelecer relações entre o dia e as estações do ano, por exemplo, observando as características de cada período. Assim, temos: a primavera, repleta de promessas como o amanhecer do dia; o verão, expansivo como o meio-dia; o outono, cálido como o entardecer; e o inverno, introspectivo como a noite.

A medição do tempo em horas não expressa a vivência de tempo para a criança pequena, ela não está sujeita às mesmas regras do adulto no tempo cronológico. O que determina a vivência de tempo para elas é o sol e a intensidade da luz nos diferentes períodos do dia. A criança quando brinca suspende o tempo!10 A criança verticaliza o tempo relacionando-o à expressão do que é divino para ela: o seu trabalho – que é brincar –, a surpresa e o milagre que vê em tudo. A criança vive em tudo pequenos milagres.

O adulto estabelece uma relação horizontal com o tempo, e por meio dela distribui as atividades a serem desenvolvidas. Quando o desenvolvimento das ações se dá de forma rígida, pré estabelecida e mecânica, acontece a rotina. Ritmo e rotina têm em comum a repetição, que é imprescindível para a formação de hábitos. O ritmo é vivência do tempo – passado, presente e futuro – e por meio dele a criança percebe que a vida pulsa. São características do ritmo: a respiração com alternância de polos, a relação entre as partes e a pausa.

Nos momentos de encontro consigo mesmo, o ser humano adulto consegue interromper o fluxo horizontal do tempo e o verticaliza. É quando consegue sobrepor-se aos fatos. Quanto mais sossego a criança tiver para estar com ela mesma, mais possibilidade ela terá de se manter saudável, criativa e sociável, pois as relações sociais são também um fator de vivência rítmica. Para ouvir verdadeiramente, estou no outro; e para falar a partir de mim mesmo, estou em mim.

O ambiente para a criança se ativar
Na escola há tempo, silêncio e espaço; tempo para todo desenvolvimento, silêncio para toda voz, espaço para a vida inteira e todos os seus valores e coisas.


Rainer Maria Rilke11

O ambiente intrauterino, o primeiro que o ser humano vivencia em sua chegada à Terra é um espaço limitado porém flexível, pois se alarga conforme o crescimento do feto. O útero é escuro e protegido, é caloroso, com temperatura constante. Essa mesma constância ocorre com a nutrição do ser em formação. Ainda não se estabelece a relação com o ar por meio da respiração.

Ao nascer, o primeiro ato drástico é a inspiração do ar, que resulta na primeira expressão sonora da criança – o grito ou ruído emitido por ela –, indicadora de que a criança está viva, por isso, tanto nos alegramos com essa expressão. Deste momento em diante, o ambiente apresentará sempre variações de calor, de luz e umidade. A amamentação é o ato regulador para a criança recém nascida, oferecendo ritmo aos processos vivenciados por ela a partir do nascimento, como fome e saciedade, desconforto e conforto, atividade e descanso.

Além de nutrir, a amamentação resulta na edificação do vínculo primordial entre seres humanos, que é a relação entre mãe e filho; assim, desde a primeira mamada, a primeira refeição, se estabelece a base para a experiência social: nós precisamos uns dos outros e existimos uns para os outros. A amamentação é a imagem natural do dar e receber.

Do período do desmame em diante, os vínculos entre seres humanos – e esse vínculo básico entre mãe e filho não foge a essa condição – são levados adiante pela voz humana, não apenas por meio da veracidade do que é dito, mas também e na mesma intensidade, pela tonalidade da voz. Lembrando que a voz humana, a partir dos últimos meses de gravidez e ao longo de todo o período de amamentação, acompanha o ser humano em seu desenvolvimento, porém, dentre estes três aspectos que formam o ambiente inicial de desenvolvimento da criança, apenas a voz seguirá por todo o decurso da vida.

A modulação da voz é um recurso poderoso e comunica à criança pequena muito mais do que o significado em si. As canções de ninar, por exemplo, estabelecem a relação com o sono a partir da voz e poderá ser o recurso para a intensificação do vínculo e a passagem para o sono com confiança. Um educador consegue ser ouvido na medida em que se ocupe com a modulação de sua voz; dessa forma, as crianças acolhem o que ele expressa. Chamar a criança cantando ou cantarolando costuma ter resultados eficientes. Não é necessário explicar, mas, sim, modular a voz com sinceridade.

Da mesma forma que usamos com destreza o andar tornando-o às vezes lento, às vezes rápido, podemos usar o recurso da voz falando alto ou baixo, firme ou arrastado, cantado ou aos pulinhos. Para falar, movemos o ar; mas para ouvir, é preciso haver silêncio, dentro e fora de nós. Se estivermos dentro de nós ao falar, a voz sai de uma maneira bem diferente de quando, ao falar, estamos fora de nós.

A natureza humana provê estas três características que formam o ambiente necessário a que Rilke se refere, ao mencionar a escola, na citação acima. Estes três aspectos citados pelo poeta também são indispensáveis para a realização de toda a atividade humana: o espaço, o tempo e as relações humanas12. Todo adulto pode tanto gerar as condições necessárias, quanto sobrepor-se às condições adversas. Contudo, na infância, é o educador quem se responsabiliza por gerar o ambiente propício para a criança se ativar. A atividade da criança é o que resultará na conquista de tudo o que humaniza o ser humano, inclusive, na capacidade individual de decisão. A criança finaliza as suas conquistas na primeira infância decidindo do quê vai brincar e de qual jeito, assim, ela coloca objetivo em sua atividade. As brincadeiras dirigidas não permitem que a criança se ative por si e seja autônoma. Quando as atividades são sempre dirigidas, elas deixam de ter ritmo e se transformam em rotina, porque a criança está sempre sendo dirigida de fora, nunca a partir dela mesma.

Ritmo no espaço: o dentro, o fora.

Por meio da disposição de objetos podemos criar um ritmo no espaço. Cada coisa tem seu devido lugar. Quando os brinquedos afins estão agrupados – a cocheira, onde todos os cavalinhos de pau estão juntos; no outro canto aconchegante da sala, o quarto das bonecas, etc – é possível gerar um espaço acolhedor. Aglomerados desordenados de objetos não proporcionam ritmo, já os nichos vazios serenam o ambiente, são como pausas no ritmo do espaço. As cabanas, por exemplo, podem ser feitas de vários materiais – lonas, tecidos e até de esteiras, sendo que estas últimas podem ser presas à parede e enroladas –, recriando espaços vazios na medida da necessidade. O espaço precisa propiciar ambientes onde a criança possa se recolher e vivenciar seu interior.

O excesso de objetos e brinquedos é prejudicial ao ritmo no espaço, torna difícil a organização e muitos brinquedos ficam sem lugar, esparramados. Cestas e caixas resistentes são importantes na organização da sala; tudo está contido em seu devido lugar. O espaço pode proporcionar a vivência do limite, tão necessária para a criança. Se tudo está contido adequadamente, se cada coisa tem o seu lugar, a criança sente: eu também tenho o meu lugar! E se contenta! Assim, as crianças se tornam seres mais sociáveis.

Elas podem brincar fora da sala, ao ar livre, e também dentro da sala. É preciso atentar para o fato de que expansão demais pode causar medo devido à falta de limite adequado; e contração demais pode fazer a criança sentir certa pressão. Tanto os espaços restritos demais quanto os amplos demais são nocivos.

Cabe ao educador estabelecer limites para a criança. Esses limites podem ser físicos – estabelecendo até onde a criança pode brincar, por exemplo –, e temporais, como quando se estabelece a duração de uma atividade. Sem limites a criança se sente perdida, insegura. O educador que estabeleceu vínculos saudáveis com a criança é alguém em quem ela confia. Com sua presença e por meio de seus gestos o educador coloca os limites. Nos momentos em que falta o limite, a firmeza e a delicadeza nos gestos são decisivas.

Os objetos e utensílios utilizados dentro e fora da sala também caracterizam esses dois espaços, inclusive, a vestimenta e o calçado usados fora podem ser diferentes daqueles usados dentro. Ao brincar, o mesmo utensílio usado para guardar, como as caixas, pode ser empilhado para construir pontes, torres, casas. Ao empilhar objetos, a criança vivencia a verticalidade, seu primeiro desafio no espaço em direção à humanização de seu corpo, que ela incessantemente busca conquistar; por isso, ela os empilha e os derruba, várias vezes. Os tecidos e tapetes aquecem o ambiente e proporcionam que a criança se envolva e se abrigue neles, impedindo a sensação incômoda do ambiente frio.

O espaço organizado, sem excessos e limpo, torna-se referência para as crianças. Os espaços de dentro das edificações nos remetem ao nosso interior, nos leva à intimidade; e os de fora nos convidam à abertura para o mundo, à admiração.

Ritmo no tempo: rápido e lento.

O tempo corre veloz e a vida escapa das mãos.
Mas pode escapar como areia ou como semente!
Thomas Merton13

O amanhecer é o doador de tempo. O movimento do sol e a consequente formação do dia e da noite transmitem confiança à criança. Não há um dia que não amanheça. O sol é constante, ele promove constância na alternância entre luz e escuridão, entre o claro e o escuro; portanto, a criança vivencia essa alternância por meio da intensidade da luz, não pelo relógio. As atividades de higiene, alimentação e sono são regidas pelo sol. Quando há lentidão e calma, as partes se alternam em um fluxo orgânico. Quando o tempo é usado assim não acontece desgaste. O educador pode ficar sem relógio e ele próprio orientar-se pelo sol, e conceber, assim, o tempo necessário para uma atividade. Tempo de menos corta a atividade, deixando-a incompleta; tempo demais de atividade pode agitar e excitar a criança.

Diferentemente do uso do tempo todo cortado em pequenos horários, tempos prolongados facilitam a transição saudável entre as atividades, sendo que essa transição merece todo o cuidado do educador. Quanto tempo o educador fica fora da sala e quanto tempo fica dentro também determina ritmos. Por exemplo, o tempo que o educador fica com as crianças no parque, quintal, praça ou jardim.

Qualquer gesto rápido assusta a criança, mas fazer tudo de forma muito lenta pode entediar e desviar a atenção do objetivo da atividade. Gestos feitos com calma e repetidamente criam rituais, que têm a qualidade de marcar o momento e estabelecer onde ele se inicia e onde ele termina. Se pela manhã o educador sempre canta para o sol, esse ato se torna um ritual. Se o educador agradece todos os dias à terra os alimentos oferecidos, no momento da refeição, isto também se torna um ritual que marca o início da refeição. Por meio de singelos rituais, podemos marcar início e fim de todas as ações pedagógicas, gerando ritmos.

Ao buscar o ritmo, cria-se uma rotina pontuada por rituais, que podem marcar de maneira singela e lúdica a transição de atividades. Repetidas, essas atividades formam os hábitos, tarefa fundamental do educador na primeira infância. Esse recurso do ritual pode, por exemplo, auxiliar as crianças com dificuldade de adormecer. Sabemos que os fatores responsáveis pelos distúrbios do sono são o excesso de luz e som. O educador, então, no momento do sono, fecha a janela, puxa a cortina, cobre a criança; e sempre do mesmo jeito, todos os dias. Enquanto a luz e o som – relacionados aos sentidos da visão e audição – excitam a criança, o tato pode ser usado como o sentido que prepara para o sono. A massagem nos pés leva a criança a relaxar e a dormir profundamente.

Se observarmos o processo de desenvolvimento dos seres humanos, perceberemos que cada coisa acontece em seu tempo. E acontece uma coisa de cada vez. Na nossa vida cotidiana, tendemos a encavalar ações e fazer várias coisas ao mesmo tempo e isto desgasta e estressa. A pressa é adversária da vitalidade. As coisas feitas com pressa saem imperfeitas, causam cansaço, alienação, são executadas com superficialidade. Com a pressa na execução de um trabalho pode-se até perder a meta. A pressa faz com que as coisas amadureçam precocemente. O fruto amadurecido "a pulso" não permite que a semente esteja plena de nutrientes e possivelmente esta semente não dará bons frutos. O que se colhe antes da hora pode murchar sem amadurecer e até apodrecer, e assim, comprometemos a possibilidade de futuro.14

O tempo vivo é aquele que alterna polos e desta forma temos momentos de pausa e de atividade. Existem três grandes alternâncias: a respiração – o ar entra e sai do ser humano constantemente –; a vigília no dia, e o sono na noite; a vida e a morte. Também a urgência e a eternidade são polos, pois tanto uma quanto outra nos retiram do fluxo usual do tempo.

O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
João Guimarães Rosa 15

Ritmo na relação entre educador e criança: proximidade e distanciamento

... talvez, um primeiro passo consista em simplificar a vida [...]. Preciso encontrar um equilíbrio em algum lugar, ou um ritmo que se alterne entre estes dois; a oscilação do pêndulo entre solitude e comunhão, afastamento e retorno. Talvez eu possa aprender alguma coisa nos meus períodos de afastamento e que me seja útil quando voltar ao meu mundo.

Anne M. Lindemberg16

Como já foi mencionado, o ser humano tem a necessidade inadiável de criar vínculos. A palavra brincar tem sua origem na palavra "vincar". Vincar pode ser compreendido como formar vincos ou vínculos. Mas vínculo com o quê? Vínculo com o mundo, com o seu próprio corpo, com a comunidade cuidadora, com as crianças que brincam juntas, com a natureza e com tudo o que possa tornar-se brinquedo. Como já mencionamos, após o nascimento, o primeiro vínculo entre a criança e a mãe é a amamentação; antes disso, porém, a mãe já propiciou o primeiro espaço, que é o útero. A amamentação é o primeiro ato para o estabelecimento de uma vida rítmica. E, por fim, a voz humana perdurará por toda a vida como instrumento de estabelecimento e perpetuação de relações humanas. Os vínculos permeiam e sustentam as conquistas humanas que a criança realiza ao brincar, conquistas estas que ninguém pode realizar por elas.

A autonomia da criança é fruto dessa ativação própria, que ela realiza ao brincar livremente. Entretanto, existem âmbitos nos quais é o educador quem faz as interferências necessárias para gerar bons hábitos. E como aponta o dito popular: "hábito é a segunda natureza do ser humano".

Assim, temos aqui uma pulsação importantíssima no processo educativo: o âmbito da autonomia da criança e o âmbito da responsabilidade do educador. As condições atuais invertem essa relação, ao inibir a atividade própria da criança e oferecer poder decisório nos momentos em que apenas o adulto tem condições de arbitrar.

O educador interfere, sobretudo, nas atividades que envolvem alimentação, higiene e sono. Estas atividades têm seus momentos regidos pelo sol. A hora da alimentação é um grande momento de união e relacionamento; por meio dela, o ser humano desenvolve íntima relação com o ambiente. Nas instituições educacionais, é comum haver uma mesa grande e alguém zelando por ela; as crianças conversam e contam fatos que não contariam em outro lugar ou em outra ocasião. É um momento de socialização muito importante, quando todos aprendem a esperar e a compartilhar do mesmo alimento. O adulto que participa junto com as crianças desse momento é um modelo vivo que rege a base da vida social futura.

O cuidado com o preparo dos alimentos leva a criança a vivenciar gestos plenos de sentido, como a modelagem da massa de pão, o manuseio dos ingredientes e a vivência – sobretudo tátil e olfativa – dos seus elementos, além do significativo gesto de servir à mesa. O momento das refeições é também especial para cultivar a gratidão para com a terra, o sol, por quem cultivou o alimento, quem o preparou. Assim, conforme a criança cresce ao assimilar o alimento, a gratidão pode crescer junto. A regularidade rítmica das refeições, responsabilidade do educador, atua no funcionamento do metabolismo e no exercício da ordenação necessária a todo crescimento.

Desde o leite materno sugado no amanhecer da vida humana, em cada refeição vivenciamos o que disse a filósofa Hannah Arendt: "Todas as atividades humanas estão condicionadas ao fato de o homem viver junto". A primeira refeição do dia pode ser vivenciada em uma atmosfera luminosa. À mesa, com a família, a criança se nutre não apenas do que ingere, mas também da beleza e aconchego do local, por exemplo, uma grande mesa de refeição posta no jardim, ou o piquenique no parque. Degustar, apreciar, apropriar-se do alimento requer interiorizar o mundo em seu corpo, e este se fortalece para a atividade.

O consumismo e a gula são irmãos gêmeos. Não é a quantidade de comida o que alimenta e é importante observar se não estamos oferecendo alimento em demasia para as crianças. Hoje em dia, cremos que só aquilo que pesa e que tem substância nutre, mas nós nos nutrimos também das atmosferas nas quais vivemos e, especialmente, a atmosfera no momento da refeição.

O sono é a pausa natural, mas a criança não nasce sabendo disso, tampouco desenvolve por atividade própria. O sono necessário varia conforme a idade da criança, porém, todas elas precisam da pausa do sono no meio do dia. Como já foi referido anteriormente, o ambiente silencioso, neste momento, minimiza a interferência externa. O silêncio interior do adulto educador é importante para oferecer à criança a condição para entregar-se e encaminhar-se para o sono tranquilo. Toda a instituição onde a criança passa o período integral pode tornar-se, por meio da interferência do educador, uma ilha de paz para o sono.

As canções de ninar são indicadas para embalar o sono das crianças. Elas também gostam de ouvir histórias, sentadas ou deitadas no colchão. Da mesma forma que nutrimos o corpo com alimentos, podemos também nutrir a alma das crianças com histórias, preferencialmente os contos de fadas clássicos. A história contada no fim da tarde, ou antes do sono, convida à introspecção e ao aconchego.

O ritmo é movimento que alterna polos, então deve-se considerar que em alguns momentos a criança está perto do adulto e, em outros, está longe, mas com a confiança de que estará, logo mais, bem pertinho. Assim é um relacionamento saudável e também é assim na vida da criança: quando nasce, separa-se de sua mãe e, na amamentação, junta-se a ela; na hora do sono, separa-se; nos cuidados de higiene junta-se a ela; quando a mãe deixa a criança se ativar, separa-se dela; no momento da refeição, junta-se.

Assim, no cotidiano, existem momentos em que o adulto interage com a criança e momentos em que isso não é preciso, nem sequer necessário; existe um ritmo saudável a ser conquistado na interação. É importante discernir como o educador interfere no desenvolvimento da criança. Ele atua naquilo que implantará ritmo, mas existem momentos em que a criança precisa de autonomia para descobrir-se, exercitar-se e aperfeiçoar-se.

Os hábitos de cuidados com o corpo, como a higiene e o vestir-se; os hábitos alimentares, e nesse âmbito é importante não só o quê a criança come, mas de que maneira se alimenta; e os hábitos do sono – sendo que este também nutre e se relaciona com o mistério da noite, geram confiança, intensificam a relação com o adulto e preparam a capacidade de, um dia, a criança tornar-se autônoma nestas situações. A repetição é a característica indispensável para a formação de hábitos. A relação com os ritmos cósmicos na formação dos hábitos é o que humaniza as necessidades corporais; estabelecer essa relação e a repetição são tarefas do adulto educador. Nessa relação entre a criança e o educador, estabelece-se o ritmo quando há alternância entre os momentos nos quais a criança exercita sua autonomia e aqueles nos quais há interferência do educador, por meio de uma atenção individual e intensificada.

Para privilegiar a formação de vínculos seria muito bom que os mesmos educadores ficassem com as mesmas crianças durante vários anos. Os vínculos se aprofundam conforme o tempo que dedicamos a eles. Hoje em dia, é comum as relações serem facilmente descartáveis, pois não estamos acostumados a aprofundar os vínculos. O educador poderia ficar pelo menos três anos com as mesmas crianças. Para construir pontes largas de relacionamento, é importante que os adultos se relacionem verdadeiramente, inclusive entre eles e consigo mesmos, para serem o exemplo saudável na formação do vínculo para as crianças. O poeta Thiago de Mello escreveu acerca da edificação das relações humanas:

... - nenhuma ponte de amor
se estende jamais em vão.

Pois algo sempre perdura
de tudo a que ela deu rumo:
seja um resto de recado,
um fragmento de canção,
leve lembrança de alvura,
ou seja apenas a sombra
de uma ternura. Pois algo
das pontes - feitas de infância
e de amor - sempre perdura.
Thiago de Mello 17

No ser humano, o sol é o coração
A aurora nunca nos encontra onde o poente no deixou.

Khalil Gibran Khalil

Em todo ato educativo, cabe a pergunta: o que precisamos preparar, transformar, cultivar em nós para nutrir a criança?

Em tudo onde há vida, há alternância. O sol rege o ritmo mais vivenciado por nós: a alternância entre luz e escuridão, dia e noite. No seres humanos, o sol é o coração; o coração rege a nossa própria luz; cada coração humano é um sol luminoso. A figura de referência da infância, o adulto responsável, pode ser comparada ao sol, enquanto a criança é um brotinho que surge para a vida.

Sendo o educador a figura de referência – cujo coração é o sol que rege o ritmo da criança – cabe a ele se perguntar: de que maneira eu trabalho o meu coração? Serei eu capaz de reger meus sentimentos, minha luz?

Reger a si envolve interessar-se por cada criança como única e aprender com ela. Com ela aprendemos a nos conhecer e a nos aperfeiçoar. Quando um educador direciona o olhar para uma criança, ele se interessa por ela. A palavra interesse nos leva a refletir que, em meio a tudo o que está ao nosso redor, desenvolvemos atenção intensificada por algo ou alguém. Interessar-se verdadeiramente é a raiz maior do amor.

O educador muitas vezes tem interesse espontâneo pelas crianças, mas existem aquelas que desafiam este interesse. Há crianças que incomodam o educador! Ao encontrá-las, várias emoções despertam nele. E quando, enfim, ele descobre qual a relação entre o que o incomoda naquela criança e o que ele tem dentro de si, então, percebe que aquilo que o incomoda está também bem dentro dele, algumas vezes encoberto.

Existem tanto as crianças que nos incomodam como as que nos passam despercebidas, ignoradas. Estes relacionamentos podem permanecer obscuros, mas podem também ser cuidados; para isso, o educador busca atentar para a alternância entre a percepção do que está fora e do que está dentro dele.

Podemos vivenciar esse processo da seguinte maneira:
• Perceber a criança;
• Acolhê-la;
• Direcionar o olhar e interessar-se verdadeiramente;
• Perguntar-se: o que tem a ver comigo?

Esse processo tem pulsação: ora o educador percebe a criança, ora ele acolhe a criança; ora ele observa fora dele, ora observa dentro dele. O objetivo é o crescimento e o relacionamento saudável.

O que emana, irradia através do coração é atividade solar. Pela natureza solar de nosso coração, nos percebemos e nos vivenciamos elevados à condição do humano universal. O impulso solar-crístico não atua no sentido do individual humano que diferencia talentos, temperamentos, caráter. Todas estas características são lunares. Apenas o humano universal é de natureza solar, portanto, crística.


Um poema significativo para as crianças
Um dos animais mais queridos entre as crianças é o cavalo. Amigo do homem desde épocas imemoriais, ele é gracioso e delicado, ao mesmo tempo que poderoso e temperamental. O cavalo pertence ao grupo dos ungulados. Por sua vez, esse grupo pertence ao enorme grupo dos mamíferos placentários, aqueles animais que se desenvolvem dentro do organismo materno. Entre os animais que têm cascos, o cavalo se destaca por ser um dos maiores, com suas pernas fortes e tronco enorme. Mas não só por isso: uma habilidade motora muito especial lhe confere harmonia e leveza.

No decorrer da evolução, o cavalo desenvolveu os cascos mais perfeitos e fortes dentre os animais que formam o grupo dos ungulados. Este casco forma como que um anel quase fechado ao redor do dedo mediano. No interior dos cascos, há pequenos tubos que acondicionam como que chifres em miniatura, todos ligados entre si. Essa característica anatômica permite a firmeza característica dos cascos, mas igualmente confere elasticidade e contínua renovação. Na verdade, os cascos são órgãos sensoriais disfarçados; com eles, o cavalo sente a vibração da terra embaixo dos seus pés. Justamente porque o contato com a terra se dá por meio de um de seus dedos, o caminhar é muito mais um processo sensorial do que um ato mecânico. Tanto é assim que apesar de seu corpo enorme estar apoiado sobre quatro patas finas, ele apresenta uma "cristalina harmonia"19.

É com essa harmonia que o cavalo empreende sua locomoção, e o faz de maneiras variadas que podem ser o passo, o trote e o galope. Karl König caracteriza muito bem esses três tipos de locomoção que o cavalo realiza:

"O elemento característico do passo é que não se movem duas patas ao mesmo tempo. Como em todos os passos, a iniciativa procede de um quarto traseiro, e logo é seguido pela pata dianteira oposta. É uma rápida sucessão de movimentos cruzados, que permite um avanço estável. O passo nunca é uma espécie de corrida, como o são os outros dois.

O trote tem um caráter diferente. Embora existam variantes desta modalidade, sua forma básica é sempre a mesma: as patas diagonais se movem ao mesmo tempo, a traseira direita e a dianteira esquerda, etc. A rápida sucessão um a um do passo, se converte aqui em um dois a dois, só se ouvem dois golpes para cada unidade de passo.

O galope é um movimento muito mais complicado. De novo, começa com um dos quartos traseiros, mas é seguido pelo par de patas em diagonal àquela, e em seguida, finaliza com a pata restante. Se imaginarmos o cavalo como se estivesse flutuando no ar, podemos dizer que a pata traseira é a que primeiro toca no solo; logo vem o par diagonal, e finalmente a pata dianteira restante"20.

Além dessa descrição, König também chama a atenção para o fato de que os ritmos que o cavalo empreende nessas modalidades de locomoção são a base de muitas danças populares: "A valsa, as danças de salão, as danças húngaras e danças similares se baseiam nestes ritmos. E estão inscritos na configuração motora do cavalo como ritmos inatos, e assim, estes animais se convertem em portadores naturais do ritmo e seu compasso. As quatro extremidades são sua expressão, e a natureza do cavalo se expressa nelas. O passo, o trote e o galope são três ritmos arquetípicos de toda música, o cavalo é o seu corpo. Além disso, este corpo é a imagem dos instrumentos de corda, que originalmente expressavam somente ritmo e compasso."21

Como um rei detentor de ritmo e graça, o cavalo alcança as colinas, os prados e vence longas distâncias. Assim, é plenamente possível entender a predileção das crianças por esse animal, que também inspira pintores e poetas. Infelizmente, hoje em dia, muitas crianças não têm a oportunidade de ter esses animais por perto, seja para montaria ou contemplação.

O poema "Meu cavalinho", de Hedwig Diestel, traduzido pela poetisa Ruth Salles, pode trazer às crianças a vivência de ritmos.

Meu cavalinho
Lá vai galopando
meu bom cavalinho.
Campinas cruzando,
florestas, caminhos.
Cavalo tão belo
me leva ao castelo.
 
Mas dentro da noite,
vai bem de mansinho.
Vai bem silencioso,
meu bom cavalinho.
Com cascos de prata,
brilhando na mata.

Conhecer observando e estudando os fenômenos naturais, como exemplificado no caso acima, acerca do cavalo e seus movimentos, é uma exigência a todo educador que busca evidenciar o mundo em gestos autênticos.

Notas:

1 Professora Waldorf; atualmente, ministra aulas e palestras em cursos de formação de professores, médicos e terapeutas, no Brasil, em outros países da América Latina e em Portugal. É autora de artigos e livros; entre eles, Criança brincando! Quem a educa?, Ao longo do Ano, Seixos rolados, Bola e boneca, Advento - a partir da contemplação de Madonas. E Cheiro de terra molhada, para o público infantil.
2 STEINER;R.:Três etapas do despertar da alma humana, Praga, 28/04/1923.
3 STEINER, R.: A educação da criança segundo a Ciência Espiritual, GA 34, 3ª ed., SP, ed. Antroposófica, 1996, p. 10.
4 GOETHE, J.W.: Poemas, tradução de Paulo Quintela, Coimbra, ed. Centelha – Promoção do Livro, 1969, p. 166, 167.
5 KONIG, K.: Os Três Primeiros anos da Criança, 6ª ed, SP, ed. Antroposófica, 2014.
6 N.A.: Acerca da aceleração da infância, sugiro a leitura de Tempo de infância, tempo de brincar – pressão escolar precoce, artigo publicado no livro Coletânea Aliança pela Infância – Volume 1, e reproduzido ao final dessa publicação.
7 ANDRADE, C.D.: Poesia Errante, SP, ed. Record, 1988.
8 Rosa, J.G.: Grande sertão: veredas, RJ, ed. Nova Fronteira, 2001.
9 Ritmo e rotina, no link: https://www.youtube.com/watch?v=DnL-AARXSj0.
10 Frase de Agostinho da Silva, poeta, filósofo e ensaísta português.
11 RILKE R.M., Cartas do poeta sobre a vida, SP, ed. Martins Fontes, 2007, p. 128.
12 Leia também o capítulo Envoltórios – o ambiente para o brincar, em Criança Brincando! Quem a educa?, 2ª ed., SP, ed. João de Barro, 2007, p. 25.
13 Monge trapista e escritor, autor de mais de 70 livros, sendo que a maioria deles aborda a espiritualidade.
14 Leia Tempo de Infância, tempo de brincar – pressão escolar precoce, ao final deste artigo.
15 ROSA, J.G.: Grande sertão: veredas, RJ, ed. Nova Fronteira, 2001, p. 334.
16 LINDEMBERG A.M.: 8ª ed., BH, ed. Crescer, 1998, p.39. Trad. de Beatriz Araújo Zanprogno.
17 Mello T., trecho do poema Pontes são como pássaros, em Vento Geral. RJ, ed. Civilização Brasileira, 1984.
18 Em antigas classificações, ungulados é uma divisão de mamíferos que compreendia os animais de casco.
19 König, K.: Hermano Animal, Buenos Aires, ed. Antroposófica, 1999, p. 266.
20 Ídem, p. 271.
21 Ibidem, p. 273.

Clique aqui para baixar o conteúdo desta página em formato PDF.